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Para reflexão sobre o que estamos fazendo com os povos originais destas terras – chega de genocídio devido à ganância dos invasores brancos (que somos nos…):

ÍNDIOS DO BRASIL

“Somos 240 povos e falamos 183 línguas distintas. Autodeclarados ao IBGE, somos ainda mais nos 74 pontos isolados nas florestas, onde o Instituto não chega. E somos mais nas cidades onde a sociedade teima em não nos reconhecer e onde muitos de nós deixaram de considerar nossa origem e nossa cultura.

Nosso genocídio começou faz 513 anos com a chegada de outros humanos que não nos identificaram como iguais. Assassinatos, abusos sexuais, escravidão, assédio moral, racismo e alienação cultural são as principais violências que assombram nossos povos e nossos descendentes desde então. A maior violência de todas ainda é a psicológica, pois a discriminação alojada no consciente e subconsciente brasileiros, século após século, pintou uma caricatura que facilitasse, justificasse e omitisse tamanha violência.

Em 1757 fomos oficialmente libertados da escravidão e dizem que em 1888, ano da Lei Áurea, 80% da população brasileira era negra. Afirmam isto porque além do extermínio causado pelas guerras e epidemias da colonização éramos invisíveis e poucos se deram o trabalho de nos contar.Em 1988, 321 anos depois de nossa “libertação” fomos reconhecidos plenamente como cidadãos brasileiros: deixamos de ser considerados incapazes… Ganhamos RG, CPF, direitos e até nos tornamos “patrimônio”. Nos anos 60 a 80 houve uma redescoberta dos povos indígenas no Brasil: não éramos mais estudados por missionários, mas por antropólogos que ajudaram a revelar um pouco de nossa realidade e a grande miséria em que nos encontramos.Foram precisas muitas batalhas, em várias frentes e de muitos povos, para chegar à vitória democrática da constituinte, após séculos de colonização, escravidão, invisibilidade e chumbo.

Parece bobo tentar resumir 513 anos em tão poucas palavras, mas Doétiro, meu pai, nasceu “incapaz”. Como sua língua era “errada”, os missionários mudaram seu nome para Álvaro, como seus deuses não existiam foi batizado Sampaio e não Tukano. Como eram generosos, recebeu “educação”, foi catequizado, completou o magistério para poder continuar a catequizar seu povo e até poderia se tornar diocesano “e se casar”… Uma oferta de “futuro brilhante” no lugar daquilo que se configura hoje como trabalho escravo.

Essa troca não foi de todo mal: como professor, Doétiro participou da alfabetização de seus parentes e começou uma insurgência diante da cultura cristã que lhes fora imposta. Perdeu o trabalho, mas ser considerado “incapaz” não impedia um indígena de cumprir o serviço militar, assim meu pai foi conhecer o mundo. Mal sabiam esses religiosos e esses militares que em 1980 esse “incapaz” denunciaria na ONU a destribalização e o etnocídio praticados pela igreja e pelas ditaduras militares na América latina.

Nasci dois anos depois filha de uma geração indígena que não se cala…

Há quem argumente que os crimes cometidos nesses 500 anos não sejam justificativa para que cada vez mais nos organizemos, politizemos e lutemos, denunciando os crimes praticados contra nossos direitos e liberdades. A falta de visão histórica dessas pessoas continua de maneira sistemática nosso genocídio, sem conseguir evitar que este se torne cada vez mais aparente e consciente, sendo a sociedade cúmplice de uma das maiores tragédias da humanidade.

O grito de desespero dos Guaraní Kaiowá é mais um entre centenas de outros povos indígenas no mundo: aqueles que estão à margem de uma cultura dominadora cujos valores ironicamente consomem a si mesma.

Esta cultura que se autoconsome consome também o nosso planeta. Nosso grande choque cultural está na maneira em que observamos e vivenciamos o mundo: o que para eles são minerais, plantas e animais, para nós são mãe, espiritualidade e sustento.

Temos prioridades diferentes com relação àquilo que consideramos equilíbrio global, mas ainda em minoria não nos calaremos porque nossos territórios são nossos santuários e é ali que construímos nossas aldeias, seja na floresta ou na cidade.

Somos todos parentes:

Quando a aldeia maracanã é demolida sentimos a fratura;
Quando o Santuário dos Pajés é incendiado nosso sangue arde;
Quando os Guaraní Kaiowá morrem nossa alma grita!

Hayaya!”

(Duhigô Tukano / Daiara Figueroa, Brasília 24/10/12)

* * * * * * *

“A polêmica sempre procedente, do ponto de vista nativo, de que essas terras não foram encontradas, mas verdadeiramente invadidas – junte-se aqui a parcela de culpa das missões evangelizadoras -, e nossos indígenas massacrados…” (FMV, Balanço dos 500, http://porumbrasilnovo.blogspot.com.br/2008/10/balano-dos-500.html)

ABAIXO-ASSINADO: http://www.peticaopublica.com.br/?pi=P2012N30735

Povos esmagados na invasão européia das Américas (Norte e Sul), chamados de “Índios” pelo homen branco, são lembrados no 19 de abril, o Dia do Índio.

Esta palestra “TED” fala da situação dos índios norte-americanos (selecionar Portuguese (Brasil) no “Subtitles”):

Ler mais sobre Índios na Wikipedia:
. Povos Indígenas do Brasil
. Dia do Índio
. Povos Ameríndios

do Setor Reciclagem:

O Ministério do Meio Ambiente disponibilizou uma videoteca virtual, com acesso a filmes sobre temas relacionados ao meio ambiente. Trata-se de um projeto da Diretoria de Educação Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, que decidiu digitalizar o acervo de filmes temáticos para Educação Ambiental que até agora estavam disponíveis apenas em meio físico, o que dificultava a sua difusão. Os projetos que resultaram nos filmes foram financiados com recursos públicos administrados pelo FNMA – Fundo Nacional do Meio Ambiente

A primeira parte do acervo que já se encontra digitalizada e pronta para download – é composta por 80 documentários com vídeos e animações sobre temas diversificados como ecologia, meio ambiente, sustentabilidade, degradação e recuperação de recursos naturais. Os filmes variam entre 6 e 90 megabites, o que pode tornar o download demorado, de acordo com sua conexão.

Clique aqui para ir à página que dá acesso aos vídeos.

Reproduzindo uma mensagem do Avaaz.org:

Uma longa batalha judicial entre a Chevron e o corajoso povo indígena da Amazônia Equatoriana está quase chegando ao fim. Os indígenas vem tentando conseguir uma resposta da multinacional em relação aos bilhões de galões de substâncias tóxicas despejadas na floresta.

Se a Chevron for obrigada a pagar bilhões em danos, o caso irá sinalizar o fim da impunidade para empresas poluidoras do mundo todo. Com uma perda iminente, a Chevron lançou uma agressiva campanha de lobby para abafar o processo .

O novo CEO da Chevron, John Watson, sabe que a marca da empresa está ameaçada – então vamos fazer a nossa parte! Assine a petição pedindo para o Watson e a Chevron limparem a sujeira que deixaram no Equador. A petição será entregue a eles, aos acionistas a à mídia americana – clique no link abaixo para agir agora:

Reproduzindo do site Avaaz.org:

Chevron na Amazônia: Limpe Já!
A Chevron, empresa gigante do petróleo, está diante de uma possível derrota em um processo contra a população da Amazônia Equatoriana. Os indígenas buscam responsabilizar a empresa por bilhões de galões de material tóxico despejados na floresta.

Mas a multinacional lançou uma campanha de lobby como último recurso para abafar o processo.

Empresas poluidoras precisam ser responsáveis pelos seus atos. O novo chefe executivo da Chevron, John Watson, sabe que a marca da empresa está ameaçada – vamos fazer a nossa parte gerando um clamor da opinião pública. Assine a petição abaixo pedindo que a Chevron limpe seu rastro tóxico, ela será entregue direto para a sede da empresa, seus acionários e a mídia dos Estados Unidos!

Para John Watson, o novo CEO da Chevron:
Pedimos à Chevron que demonstre um compromisso genuino com as questões ambientais e respeito aos direitos humanos em todas as suas atividades. Ao invés de fazer lobby para se esquivar de suas obrigações, a Chevron deverá se responsabilizar pelos seus atos: limpar o seu rastro tóxico no Equador, compensar comunidades afetadas pelos estragos causados às suas vidas e ao meio ambiente, e adotar medidas similares ao redor do mundo para impedir tragédias como esta.

. assinar a petição

Reproduzo um texto do Rev. Ricardo Mário Gonçalves, sobre o falecimento do antropólogo Claude Lévi-Strauss:

Caríssimos Irmãos no Dharma,

A República Acadêmica Mundial está de luto: o implacável vento da imprmanência arrebatou de seu convívio, na noite de sábado (31 de outubro), um de seus menbros mais ilustres, o antropólogo Claude Lévi-Strauss (1908-2009). Além de ter sido o pai da Antropologia e Estrutural,um importante precursor do pensamento ecológico e ambientalista contemporâneo e um grande amigo do Brasil, onde iniciou sua carreira de pesquisador e professor lecionando Sociologia na Universidade de São Paulo entre 1935 e 1938, ele foi também, o que poucos sabem, um dos mais lúcidos intérpretes ocidentais do budismo Ele entendeu o budismo muito melhor do que muitos orientalistas profissionais. Ele valorizava o budismo por ser uma religião eoológica que não estabelece uma dicotomia radical entre Homem e Natureza. No último capítulo de seu livro “Tristes Trópicos” (1955) desenvolve ele importantes considerações sobre o budismo.

Apresento abaixo um breve trecho, à guisa de ilustração:

“Os homens fizeram três grandes tentativas religiosas para se libertarem da perseguição dos mortos, da maleficência do Além e das angústias da magia. Separados pelo intervalo de aproximadamente meio milênio, conceberam sucessivamente o budismo, o cristianismo e o islamismo; e é impressionante que cada etapa, longe de marcar um progresso em relação à precedente, antes testemunha um retrocesso. Não há vida futura para o budismo; nele tudo se reduz a uma crítica radical de que a humanidade nunca mais deveria mostrar-se capaz, à qual o sábio acede, numa recusa do sentido das coisas e dos seres: disciplina que anula o universo e se anula a si própria como religião. Cedendo novamente ao medo, o cristianismo restabelece o outro mundo, as suas esperanças, ameaças e o seu juízo final. Ao islamismo só resta encadeá-lo a esse mundo: o mundo temporal e o mundo espiritual acham-se reunidos… Com efeito, que outra coisa aprendi dos mestres que escutei, dos filósofos que li, das sociedades que visitei e desta própria ciência de que o Ocidente extrai o seu orgulho senão fragmentos de lições que, unidos uns aos outros, reconstituem a meditação do Buda junto da árvore? Todo o esforço para compreender destrói o objeto pelo qual nos tínhamos interessado, em proveito de um objeto de natureza diversa; exige de nossa parte um novo esforço que o elimina, em proveito de um terceiro, e assim por duante até que tenhamos acesso à única presença duradoura, que é aquela em que se desvanece a distinção entre o sentido e a ausência de sentido; a mesma de onde partíramos. Eis que já são decorridos 2.500 anos desde que os homens descobriram e formularam essas verdades. Desde então, nada descobrimos, a não ser – experimentando, umas após outras, todas ass portas de saída – outras tantas demonstrações suplementares da conclusão à qual teríamos querido escapar.
(Cluade Lévi-Strauss – “Tristes Trópicos”, Lisboa, Edições 70, pags. 387-390.)

Que o Buda Amida acolha o Velho Mestre na Luz Serena de sua Terra Pura Ocidental!

NAMU AMIDA BUTSU
Gasshô,
Shaku Riman

Segue um vídeo muito bonito, com a narração de nossa amiga Liana Utinguassú, nos lembrando da urgência de aprendermos a viver em harmonia com a Natureza e com as diferentes culturas.

No envio do link do vídeo, escreveu:

“Sonhamos juntos, Realizamos JUNTOS.
Este Vídeo foi passado em Palestra no Mês do Meio Ambiente Banrisul/Programa Reciclar (24/06/2009). Agradecemos sempre pela oportunidade e apoio. Buscamos fazer nossa parte no sentido de gerar visibilidade, sensibilizar e unir forças, em RESPEITO a TERRA e seus filhos, SEGUIMOS caminhando.

“O Guerreiro deve fugir dos Jogos de aparências, pois o tempo é demasiado curto para estratégias de FAZ de conta”. (Carlos Aveline).
“Não bsucando desculpas por Não fazer e sim Razões para Fazer”.
“Nós… PERTENCEMOS À TERRA,
A TERRA MÃE..NÃO NOS PERTENCE “

O TEMPO URGE!

Liana Utinguassú
Servidora/Presidente OSCIP Yvy Kuraxo
Escritora: Obra Publicada: O Chamado da Terra
. www.yvykuraxo.org.br
. http://yvykuraxo.ning.com/.

Um belo vídeo, para abrir o coração… Somos todos Interconectados, somo todo UM.

Descrição no Youtube:

“Filme 1 utilizado nas Oficinas de Sensibilização em Educação Ambiental (para Educadores da Rede Pública Municipal e Estadual) realizadas pelo IDEIA – Instituto de Defesa, Estudo e Integração Ambiental, nos municípios de Igrapiúna, Camamu e Maraú.”

A Carta

Um documento internacional construído coletivamente por aliados nos 5 continentes. Um novo pacto social entre os seres humanos em forma de uma Carta que trata das responsabilidades individuais e coletivas nas inter-relações humanas e com a biosfera. É uma proposta para ser adotada por cidadãos do mundo inteiro, por governos e instituições numa perspectiva de construir sociedades sustentáveis.

A Carta das Responsabilidades Humanas tem por objetivo ser uma referência para a construção de novas formas de governança e reformulação das já existentes. Estimula a reflexão sobre o conceito de responsabilidade, direitos e deveres individuais e coletivos e propõe ações para todas as áreas da vida em sociedade.
Este documento, serve como um “pré-texto” e um “pretexto” para trocar idéias sobre o tema, é apresentado para ser difundido, posto em debate, modificado, apropriado por todos os indivíduos e em todos os diferentes setores culturais, sociais e profissionais.

Após um período de escrita coletiva, o processo de difusão da Carta começou em 2003.

Atualmente um comitê internacional de facilitação, que é composto de diversas equipes regionais e nacionais em todos os continentes, está trabalhando na disseminação da Carta e na organização de debates em torno dela, conjuntamente com membros aliados em cada país.

Este site é uma ferramenta essencial de comunicação para o processo de disseminação e para discutir a Carta. Nós gostaríamos de convidá-lo para se juntar neste processo.

Por quê este processo?

Atualmente, a vida internacional se apóia em duas bases: a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que se apoia na dignidade dos indivíduos e na defesa de seus direitos, e a Carta das Nações Unidas, cujos pontos principais são a paz e o desenvolvimento. Graças ao marco que foi criado por essas duas bases, se conseguiu um progresso indiscutível na organização das relações internacionais. Mas os últimos cinqüenta anos viram mudanças globais radicais.

Para enfrentar os grandes desafios do século XXI, é preciso elaborar um novo pacto social entre seres humanos, com o objetivo de assegurar a sobrevivência da humanidade e do planeta. Tal pacto deve assumir a forma de uma carta adaptada por cidadãos do mundo inteiro, e mais tarde por instituições internacionais.

fonte: Site “A Carta das Responsabilidades Humanas”

Baixar a Carta das Responsabilidades Humanas (arquivo .pdf). O documento contem 5 partes:
– Preâmbulo
– Princípios para conduzir o exercício das Responsabilidades Humanas
– Responsabilidade: um conceito chave para o século XXI
– Valores e práticas: a unidade e a diversidade
– A Carta: sua história e o seu present

Há 2.600 anos, o Budismo ensina a Interconexão de todos os seres. Nenhuma criatura existe isolada dos outros seres. Todo o universo está refletido no menor partícula. O menor partícula é uma parte inseperável do TODO.

Vamos ver a Carta da Terra da ONU, um belo documento de nossa época, seguida por um link que levar à Carta da Terra dos Povos Indígenas e a Declaração da Kari-Oca.

A Carta da Terra é uma declaração de princípios e valores fundamentais, aprovada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2002, que tem como objetivo nortear os indivíduos e os Estados na promoção do desenvolvimento sustentável. É o equivalente da Declaração Universal dos Direitos Humanos no que se refere à sustentabilidade, a eqüidade e a justiça social e ambiental. Apresentamos aqui a sua versão integral.

CARTA DA TERRA
PREÂMBULO

Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações.

Terra, Nosso La
A humanidade é parte de um vasto universo em evolução. A Terra, nosso lar, está viva com uma comunidade de vida única. As forças da natureza fazem da existência uma aventura exigente e incerta, mas a Terra providenciou as condições essenciais para a evolução da vida. A capacidade de recuperação da comunidade da vida e o bem-estar da humanidade dependem da preservação de uma biosfera saudável com todos seus sistemas ecológicos, uma rica variedade de plantas e animais, solos férteis, águas puras e ar limpo. O meio ambiente global com seus recursos finitos é uma preocupação comum de todas as pessoas. A proteção da vitalidade, diversidade e beleza da Terra é um dever sagrado.

A Situação Global
Os padrões dominantes de produção e consumo estão causando devastação ambiental, redução dos recursos e uma massiva extinção de espécies. Comunidades estão sendo arruinadas. Os benefícios do desenvolvimento não estão sendo divididos eqüitativamente e o fosso entre ricos e pobres está aumentando. A injustiça, a pobreza, a ignorância e os conflitos violentos têm aumentado e são causa de grande sofrimento. O crescimento sem precedentes da população humana tem sobrecarregado os sistemas ecológico e social. As bases da segurança global estão ameaçadas. Essas tendências são perigosas, mas não inevitáveis.

Desafios Para o Futuro
A escolha é nossa: formar uma aliança global para cuidar da Terra e uns dos outros, ou arriscar a nossa destruição e a da diversidade da vida. São necessárias mudanças fundamentais dos nossos valores, instituições e modos de vida. Devemos entender que, quando as necessidades básicas forem atingidas, o desenvolvimento humano será primariamente voltado a ser mais, não a ter mais. Temos o conhecimento e a tecnologia necessários para abastecer a todos e reduzir nossos impactos ao meio ambiente. O surgimento de uma sociedade civil global está criando novas oportunidades para construir um mundo democrático e humano.

Nossos desafios ambientais, econômicos, políticos, sociais e espirituais estão interligados, e juntos podemos forjar soluções includentes.

Responsabilidade Universal
Para realizar estas aspirações, devemos decidir viver com um sentido de responsabilidade universal, identificando-nos com toda a comunidade terrestre bem como com nossa comunidade local. Somos, ao mesmo tempo, cidadãos de nações diferentes e de um mundo no qual a dimensão local e global estão ligadas. Cada um compartilha da responsabilidade pelo presente e pelo futuro, pelo bem-estar da família humana e de todo o mundo dos seres vivos. O espírito de solidariedade humana e de parentesco com toda a vida é fortalecido quando vivemos com reverência o mistério da existência, com gratidão pelo dom da vida, e com humildade considerando em relação ao lugar que ocupa o ser humano na natureza.

Necessitamos com urgência de uma visão compartilhada de valores básicos para proporcionar um fundamento ético à comunidade mundial emergente. Portanto, juntos na esperança, afirmamos os seguintes princípios, todos interdependentes, visando um modo de vida sustentável como critério comum, através dos quais a conduta de todos os indivíduos, organizações, empresas, governos, e instituições transnacionais será guiada e avaliada.

PRINCÍPIOS
I. RESPEITAR E CUIDAR DA COMUNIDADE DA VIDA

1. Respeitar a Terra e a vida em toda sua diversidade.

a. Reconhecer que todos os seres são interligados e cada forma de vida tem valor, independentemente de sua utilidade para os seres humanos.

b. Afirmar a fé na dignidade inerente de todos os seres humanos e no potencial intelectual, artístico, ético e espiritual da humanidade.

2. Cuidar da comunidade da vida com compreensão, compaixão e amor.

a. Aceitar que, com o direito de possuir, administrar e usar os recursos naturais vem o dever de impedir o dano causado ao meio ambiente e de proteger os direitos das pessoas.

b. Assumir que o aumento da liberdade, dos conhecimentos e do poder implica responsabilidade na promoção do bem comum.

3. Construir sociedades democráticas que sejam justas, participativas, sustentáveis e pacíficas.

a. Assegurar que as comunidades em todos níveis garantam os direitos humanos e as liberdades fundamentais e proporcionem a cada um a oportunidade de realizar seu pleno potencial.

b. Promover a Justiça econômica e social, propiciando a todos a consecução de uma subsistência significativa e segura, que seja ecologicamente responsável.

4. Garantir as dádivas e a beleza da Terra para as atuais e as futuras gerações.

a. Reconhecer que a liberdade de ação de cada geração é condicionada pelas necessidades das gerações futuras.

b. Transmitir às futuras gerações valores, tradições e instituições que apóiem, em longo prazo, a prosperidade das comunidades humanas e ecológicas da Terra.

Para poder cumprir estes quatro amplos compromissos, é necessário:

II. INTEGRIDADE ECOLÓGICA
5. Proteger e restaurar a integridade dos sistemas ecológicos da Terra, com especial preocupação pela diversidade biológica e pelos processos naturais que sustentam a vida.

a. Adotar planos e regulamentações de desenvolvimento sustentável em todos os níveis que façam com que a conservação ambiental e a reabilitação sejam parte integral de todas as iniciativas de desenvolvimento.

b. Estabelecer e proteger as reservas com uma natureza viável e da biosfera, incluindo terras selvagens e áreas marinhas, para proteger os sistemas de sustento à vida da Terra, manter a biodiversidade e preservar nossa herança natural.

c. Promover a recuperação de espécies e ecossistemas ameaçadas.

d. Controlar e erradicar organismos não-nativos ou modificados geneticamente que causem dano às espécies nativas, ao meio ambiente, e prevenir a introdução desses organismos daninhos.

e. Manejar o uso de recursos renováveis como água, solo, produtos florestais e vida marinha de forma que não excedam as taxas de regeneração e que protejam a sanidade dos ecossistemas.

f. Manejar a extração e o uso de recursos não-renováveis, como minerais e combustíveis fósseis de forma que diminuam a exaustão e não causem dano ambiental grave.

6. Prevenir o dano ao ambiente como o melhor método de proteção ambiental e, quando o conhecimento for limitado, assumir uma postura de precaução.

a. Orientar ações para evitar a possibilidade de sérios ou irreversíveis danos ambientais mesmo quando a informação científica for incompleta ou não conclusiva.

b. Impor o ônus da prova àqueles que afirmarem que a atividade proposta não causará dano significativo e fazer com que os grupos sejam responsabilizados pelo dano ambiental.

c. Garantir que a decisão a ser tomada se oriente pelas conseqüências humanas globais, cumulativas, de longo prazo, indiretas e de longo alcance.

d. Impedir a poluição de qualquer parte do meio ambiente e não permitir o aumento de substâncias radioativas, tóxicas ou outras substâncias perigosas.

e. Evitar que atividades militares causem dano ao meio ambiente.

7. Adotar padrões de produção, consumo e reprodução que protejam as capacidades regenerativas da Terra, os direitos humanos e o bem-estar comunitário.

a. Reduzir, reutilizar e reciclar materiais usados nos sistemas de produção e consumo e garantir que os resíduos possam ser assimilados pelos sistemas ecológicos.

b. Atuar com restrição e eficiência no uso de energia e recorrer cada vez mais aos recursos energéticos renováveis, como a energia solar e do vento.

c. Promover o desenvolvimento, a adoção e a transferência eqüitativa de tecnologias ambientais saudáveis.

d. Incluir totalmente os custos ambientais e sociais de bens e serviços no preço de venda e habilitar os consumidores a identificar produtos que satisfaçam as mais altas normas sociais e ambientais.

e. Garantir acesso universal à assistência de saúde que fomente a saúde reprodutiva e a reprodução responsável.

f. Adotar estilos de vida que acentuem a qualidade de vida e subsistência material num mundo finito.

8. Avançar o estudo da sustentabilidade ecológica e promover a troca aberta e a ampla aplicação do conhecimento adquirido.

a. Apoiar a cooperação científica e técnica internacional relacionada a sustentabilidade, com especial atenção às necessidades das nações em desenvolvimento.

b. Reconhecer e preservar os conhecimentos tradicionais e a sabedoria espiritual em todas as culturas que contribuam para a proteção ambiental e o bem-estar humano.

c. Garantir que informações de vital importância para a saúde humana e para a proteção ambiental, incluindo informação genética, estejam disponíveis ao domínio público.

III. JUSTIÇA SOCIAL E ECONÔMICA
9. Erradicar a pobreza como um imperativo ético, social e ambiental.

a. Garantir o direito à água potável, ao ar puro, à segurança alimentar, aos solos não-contaminados, ao abrigo e saneamento seguro, distribuindo os recursos nacionais e internacionais requeridos.

b. Prover cada ser humano de educação e recursos para assegurar uma subsistência sustentável, e proporcionar seguro social e segurança coletiva a todos aqueles que não são capazes de manter-se por conta própria.

c. Reconhecer os ignorados, proteger os vulneráveis, servir àqueles que sofrem, e permitir-lhes desenvolver suas capacidades e alcançar suas aspirações.

10. Garantir que as atividades e instituições econômicas em todos os níveis promovam o desenvolvimento humano de forma eqüitativa e sustentável.

a. Promover a distribuição eqüitativa da riqueza dentro das e entre as nações.

b. Incrementar os recursos intelectuais, financeiros, técnicos e sociais das nações em desenvolvimento e isentá-las de dívidas internacionais onerosas.

c. Garantir que todas as transações comerciais apóiem o uso de recursos sustentáveis, a proteção ambiental e normas trabalhistas progressistas.

d. Exigir que corporações multinacionais e organizações financeiras internacionais atuem com transparência em benefício do bem comum e responsabilizá-las pelas conseqüências de suas atividades.

11. Afirmar a igualdade e a eqüidade de gênero como pré-requisitos para o desenvolvimento sustentável e assegurar o acesso universal à educação, assistência de saúde e às oportunidades econômicas.

a. Assegurar os direitos humanos das mulheres e das meninas e acabar com toda violência contra elas.

b. Promover a participação ativa das mulheres em todos os aspectos da vida econômica, política, civil, social e cultural como parceiras plenas e paritárias, tomadoras de decisão, líderes e beneficiárias.

c. Fortalecer as famílias e garantir a segurança e a educação amorosa de todos os membros da família.

12. Defender, sem discriminação, os direitos de todas as pessoas a um ambiente natural e social, capaz de assegurar a dignidade humana, a saúde corporal e o bem-estar espiritual, concedendo especial atenção aos direitos dos povos indígenas e minorias.

a. Eliminar a discriminação em todas suas formas, como as baseadas em raça, cor, gênero, orientação sexual, religião, idioma e origem nacional, étnica ou social.

b. Afirmar o direito dos povos indígenas à sua espiritualidade, conhecimentos, terras e recursos, assim como às suas práticas relacionadas a formas sustentáveis de vida.

c. Honrar e apoiar os jovens das nossas comunidades, habilitando-os a cumprir seu papel essencial na criação de sociedades sustentáveis.

d. Proteger e restaurar lugares notáveis pelo significado cultural e espiritual.

IV. DEMOCRACIA, NÃO VIOLÊNCIA E PAZ
13. Fortalecer as instituições democráticas em todos os níveis e proporcionar-lhes transparência e prestação de contas no exercício do governo, participação inclusiva na tomada de decisões, e acesso à justiça.

a. Defender o direito de todas as pessoas no sentido de receber informação clara e oportuna sobre assuntos ambientais e todos os planos de desenvolvimento e atividades que poderiam afetá-las ou nos quais tenham interesse.

b. Apoiar sociedades civis locais, regionais e globais e promover a participação significativa de todos os indivíduos e organizações na tomada de decisões.

c. Proteger os direitos à liberdade de opinião, de expressão, de assembléia pacífica, de associação e de oposição.

d. Instituir o acesso efetivo e eficiente a procedimentos administrativos e judiciais independentes, incluindo retificação e compensação por danos ambientais e pela ameaça de tais danos.

e. Eliminar a corrupção em todas as instituições públicas e privadas.

f. Fortalecer as comunidades locais, habilitando-as a cuidar dos seus próprios ambientes, e atribuir responsabilidades ambientais aos níveis governamentais onde possam ser cumpridas mais efetivamente.

14. Integrar, na educação formal e na aprendizagem ao longo da vida, os conhecimentos, valores e habilidades necessárias para um modo de vida sustentável.

a. Oferecer a todos, especialmente a crianças e jovens, oportunidades educativas que lhes permitam contribuir ativamente para o desenvolvimento sustentável.

b. Promover a contribuição das artes e humanidades, assim como das ciências, na educação para sustentabilidade.

c. Intensificar o papel dos meios de comunicação de massa no sentido de aumentar a sensibilização para os desafios ecológicos e sociais.

d. Reconhecer a importância da educação moral e espiritual para uma subsistência sustentável.

15. Tratar todos os seres vivos com respeito e consideração.

a. Impedir crueldades aos animais mantidos em sociedades humanas e protegê-los de sofrimentos.

b. Proteger animais selvagens de métodos de caça, armadilhas e pesca que causem sofrimento extremo, prolongado ou evitável.

c. Evitar ou eliminar ao máximo possível a captura ou destruição de espécies não visadas.

16. Promover uma cultura de tolerância, não violência e paz.

a. Estimular e apoiar o entendimento mútuo, a solidariedade e a cooperação entre todas as pessoas, dentro das e entre as nações.

b. Implementar estratégias amplas para prevenir conflitos violentos e usar a colaboração na resolução de problemas para manejar e resolver conflitos ambientais e outras disputas.

c. Desmilitarizar os sistemas de segurança nacional até chegar ao nível de uma postura não-provocativa da defesa e converter os recursos militares em propósitos pacíficos, incluindo restauração ecológica.

d. Eliminar armas nucleares, biológicas e tóxicas e outras armas de destruição em massa.

e. Assegurar que o uso do espaço orbital e cósmico mantenha a proteção ambiental e a paz.

f. Reconhecer que a paz é a plenitude criada por relações corretas consigo mesmo, com outras pessoas, outras culturas, outras vidas, com a Terra e com a totalidade maior da qual somos parte.

O CAMINHO ADIANTE
Como nunca antes na história, o destino comum nos conclama a buscar um novo começo. Tal renovação é a promessa dos princípios da Carta da Terra. Para cumprir esta promessa, temos que nos comprometer a adotar e promover os valores e objetivos da Carta.

Isto requer uma mudança na mente e no coração. Requer um novo sentido de interdependência global e de responsabilidade universal. Devemos desenvolver e aplicar com imaginação a visão de um modo de vida sustentável aos níveis local, nacional, regional e global. Nossa diversidade cultural é uma herança preciosa, e diferentes culturas encontrarão suas próprias e distintas formas de realizar esta visão. Devemos aprofundar expandir o diálogo global gerado pela Carta da Terra, porque temos muito que aprender a partir da busca iminente e conjunta por verdade e sabedoria.

A vida muitas vezes envolve tensões entre valores importantes. Isto pode significar escolhas difíceis. Porém, necessitamos encontrar caminhos para harmonizar a diversidade com a unidade, o exercício da liberdade com o bem comum, objetivos de curto prazo com metas de longo prazo. Todo indivíduo, família, organização e comunidade têm um papel vital a desempenhar. As artes, as ciências, as religiões, as instituições educativas, os meios de comunicação, as empresas, as organizações não-governamentais e os governos são todos chamados a oferecer uma liderança criativa. A parceria entre governo, sociedade civil e empresas é essencial para uma governabilidade efetiva.

Para construir uma comunidade global sustentável, as nações do mundo devem renovar seu compromisso com as Nações Unidas, cumprir com suas obrigações respeitando os acordos internacionais existentes e apoiar a implementação dos princípios da Carta da Terra com um instrumento internacional legalmente unificador quanto ao ambiente e ao desenvolvimento.

Que o nosso tempo seja lembrado pelo despertar de uma nova reverência face à vida, pelo compromisso firme de alcançar a sustentabilidade, a intensificação da luta pela justiça e pela paz, e a alegre celebração da vida.

– do blog de Budismo Engajado

Leia também A Carta da Terra dos Povos Indígenas (arquivo em formato .pdf)

Mesmo sendo de autoria controvertida, este texto famoso, aqui apresentado na versão do site DH Net Rede Direitos Humanos e Cultura, nos oferece muita para refletirmos:

“O que ocorrer com a terra,
recairá sobre os filhos da terra.
Há uma ligação em tudo.”

Este documento – dos mais belos e profundos pronunciamentos já feitos a respeito da defesa do meio ambiente – vem sendo intensamente divulgado pela ONU (Organização das Nações Unidas). É uma carta escrita, em 1854, pelo chefe Seatle ao presidente dos EUA, Franklin Pierce, quando este propôs comprar grande parte das terras de sua tribo, oferecendo, em contrapartida, a concessão de uma outra “reserva”.

Como é que se pode comprar ou vender o céu, o calor da terra? Essa idéia nos parece estranha. Se não possuímos o frescor do ar e o brilho da água, com é possível comprá-los? Cada pedaço desta terra é sagrada para meu povo. Cada ramo brilhante de um pinheiro, cada punhado de areia das praias, a penumbra da floresta densa, cada clareira e inseto a zumbir são sagrados na memória e experiência de meu povo. A seiva que percorre o corpo das arvores carrega consigo as lembranças do homem vermelho.

Os mortos do homem branco esquecem sua terra de origem quando vão caminhar entre as estrelas. Nossos mortos jamais esquecem esta bela terra pois ela é a mãe do homem vermelho. Somos parte da terra e ela faz parte de nós. As flores perfumadas são nossas irmãs; o cervo, o cavalo, a grande águia, são nossos irmãos. Os picos rochosos, os sulcos úmidos nas campinas, o calor do potro, e o homem – todos pertencem a mesma família.

Portanto Grande Chefe de Washington manda dizer que deseja comprar nossa terra, pede muito de nós. O Grande Chefe diz que nos reservará um lugar onde possamos viver satisfeitos. Ele será nosso pai e nós seremos seus filhos. Portanto, nós vamos considerar sua oferta de comprar nossa terra. Mas isso não será fácil. Essa terra é sagrada para nós.

Essa água brilhante que escorre nos riachos não é apenas água, mas o sangue de nossos antepassados. Se lhes vendermos a terra, vocês devem lembrar-se que ela é sagrada e devem ensinar as suas crianças que ela é sagrada e que cada reflexo nas águas límpidas dos lagos fala de acontecimentos e lembranças da vida de meu povo. O murmúrio das águas é a voz de meus ancestrais.

Os rios são nossos irmãos e saciam nossa sede. Os rios carregam nossas canoas e alimentam nossas crianças. Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem lembrar e ensinar a seus filhos que os rios são nossos irmãos e seus também. E, portanto, vocês devem dar aos rios a bondade que dedicariam a qualquer irmão.
Sabemos que o homem branco não compreende nossos costumes. Uma porção da terra, para ele, tem o mesmo significado que qualquer outra, pois é um forasteiro que vem à noite e extrai da terra aquilo de que necessita. A terra não é sua irmã, mas sua inimiga, e quando ele a conquista, prossegue seu caminho. Deixa para trás os túmulos de seus antepassados e não se incomoda. Rapta da terra aquilo que seria de seus filhos e não se importa. A sepultura de seu pai e os direitos de seus filhos são esquecidos. Trata sua mãe, a terra, e seu irmão, o céu como coisas que possam ser compradas, saqueadas, vendidas como carneiros. Seu apetite devorará a terra, deixando somente um deserto.

Eu não sei, nossos costumes são diferentes dos seus. A visão de suas cidades fere os olhos do homem vermelho. Talvez seja porque o homem vermelho é um selvagem e não compreenda.

Não há lugar quieto na cidade do homem branco. Nenhum lugar onde se possa ouvir o deabrochar das flores na primavera ou o bater das asas de um inseto. Mas talvez porque eu sou um selvagem e não compreenda. O ruído parece somente insultar os ouvidos. E o que resta da vida se um homem não pode ouvir o canto solitário de uma ave ou o debate dos sapos ao redor de uma lagoa à noite? Eu sou um homem vermelho e não compreendo.

O índio prefere o suave murmúrio do vento encrespando a face do lago, e o próprio verão limpo por uma chuva diurna ou perfumado pelos pinheiros.
O ar é precioso para o homem vermelho pois todas as coisas compartilham o mesmo sopro – o animal, a árvore, o homem, todos compartilham o mesmo sopro. Como um homem agonizante há vários dias, é insensível ao mau cheiro. Mas se verdermos nossa terra ao homem branco, ele deve lembrar que o ar é precioso para nós, que o ar compartilha seu espírito com toda a vida que mantém. O vento que deu a nosso avô seu primeiro aspirar também recebe seu último suspiro. Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem mantê-la intacta e sagrada, como um lugar onde até mesmo o homem branco possa ir saborear o vento açucarado pelas flores dos prados.

Portanto, vamos meditar sobre sua oferta de comprar nossa terra. Se decidirmos aceitar, imporei uma condição, o homem branco deve tratar os animais dessa terra como irmãos.

Sou um selvagem e não compreendo outra forma de agir. Vi um milhar de búfalos apodrecendo na planîcie, abandonados pelo homem branco que o alvejou de um trem ao passar. Eu sou um selvagem e não compreendo como é que o fumegante cavalo de ferro pode ser mais importante que o búfalo, que sacrificamos somente para permanecermos vivos.

O que é os homens sem os animais? Se todos os animais se fossem os homens morreriam de uma grande solidão de espírito. Pois o que ocorre com os animais, breve acontece com o homem. Há uma ligação em tudo.

Vocês devem ensinar as suas crianças que o solo a seus pés é a cinza de nossos avós. Para que respeitem a terra, digam a seus filhos que ela foi enriquecida com as vidas de nosso povo. Ensinem as suas crianças o que ensinamos as nossas que a terra é nossa mãe. Tudo o que acontecer à terra, acontecerá aos filhos da terra. Se os homens cospem no solo, estão cuspindo em si mesmos.

Isto sabemos: a terra não pertence ao homem, o homem pertence à terra. Isto sabemos: todas as coisa estão ligadas como o sangue que une a família. Há uma ligação em tudo.

O que ocorrer com a terra recairá sobre os filhos da terra. O homem não tramou o tecido da vida; ele é simplesmente um de seus fios. Tudo o que fazer ao tecido, fará a si mesmo.

Mesmo o homem branco cujo Deus caminha e fala como ele de amigo para amigo, não pode estar isento do destino comum. É possível que sejamos irmãos, apesar de tudo. Veremos. De uma coisa estamos certos e o homem branco poderá vir a descobrir um dia: nosso Deus é o mesmo Deus. Ele é o Deus do homem, e Sua compaixão é igual para o homem vermelho e para o homem branco. A terra lhe é preciosa, e ferí-la é desprezar seu criador. Os brancos também passarão; talvez mais cedo que todas as tribos. Contaminem suas camas, e uma noite serão sufocados pelos próprios dejetos.

Mas quando de sua desaparição, vocês brilharão intensamente, iluminados pela força do Deus que os trouxe a esta terra e por alguma razão especial lhes deu o domínio sobre o homem vermelho. Esse destino é um mistério para nós, pois não compreendemos que todos os búfalos sejam exterminados, os cavalos sejam todos domados, os recantos secretos da floresta densa impregnadas do cheiro de muitos homens, e a visão dos morros obstruídos por fios que falam. Onde está o arvoredo? Desapareceu. Onde está a águia?

Desapareceu. É o final da vida e o início da sobrevivência.

Veja também: monomito: Um blog sobre mitologia e religião comparada

e Biografia do Chefe Seattle na Wikipedia (em inglês)

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