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Para reflexão sobre o que estamos fazendo com os povos originais destas terras – chega de genocídio devido à ganância dos invasores brancos (que somos nos…):

ÍNDIOS DO BRASIL

“Somos 240 povos e falamos 183 línguas distintas. Autodeclarados ao IBGE, somos ainda mais nos 74 pontos isolados nas florestas, onde o Instituto não chega. E somos mais nas cidades onde a sociedade teima em não nos reconhecer e onde muitos de nós deixaram de considerar nossa origem e nossa cultura.

Nosso genocídio começou faz 513 anos com a chegada de outros humanos que não nos identificaram como iguais. Assassinatos, abusos sexuais, escravidão, assédio moral, racismo e alienação cultural são as principais violências que assombram nossos povos e nossos descendentes desde então. A maior violência de todas ainda é a psicológica, pois a discriminação alojada no consciente e subconsciente brasileiros, século após século, pintou uma caricatura que facilitasse, justificasse e omitisse tamanha violência.

Em 1757 fomos oficialmente libertados da escravidão e dizem que em 1888, ano da Lei Áurea, 80% da população brasileira era negra. Afirmam isto porque além do extermínio causado pelas guerras e epidemias da colonização éramos invisíveis e poucos se deram o trabalho de nos contar.Em 1988, 321 anos depois de nossa “libertação” fomos reconhecidos plenamente como cidadãos brasileiros: deixamos de ser considerados incapazes… Ganhamos RG, CPF, direitos e até nos tornamos “patrimônio”. Nos anos 60 a 80 houve uma redescoberta dos povos indígenas no Brasil: não éramos mais estudados por missionários, mas por antropólogos que ajudaram a revelar um pouco de nossa realidade e a grande miséria em que nos encontramos.Foram precisas muitas batalhas, em várias frentes e de muitos povos, para chegar à vitória democrática da constituinte, após séculos de colonização, escravidão, invisibilidade e chumbo.

Parece bobo tentar resumir 513 anos em tão poucas palavras, mas Doétiro, meu pai, nasceu “incapaz”. Como sua língua era “errada”, os missionários mudaram seu nome para Álvaro, como seus deuses não existiam foi batizado Sampaio e não Tukano. Como eram generosos, recebeu “educação”, foi catequizado, completou o magistério para poder continuar a catequizar seu povo e até poderia se tornar diocesano “e se casar”… Uma oferta de “futuro brilhante” no lugar daquilo que se configura hoje como trabalho escravo.

Essa troca não foi de todo mal: como professor, Doétiro participou da alfabetização de seus parentes e começou uma insurgência diante da cultura cristã que lhes fora imposta. Perdeu o trabalho, mas ser considerado “incapaz” não impedia um indígena de cumprir o serviço militar, assim meu pai foi conhecer o mundo. Mal sabiam esses religiosos e esses militares que em 1980 esse “incapaz” denunciaria na ONU a destribalização e o etnocídio praticados pela igreja e pelas ditaduras militares na América latina.

Nasci dois anos depois filha de uma geração indígena que não se cala…

Há quem argumente que os crimes cometidos nesses 500 anos não sejam justificativa para que cada vez mais nos organizemos, politizemos e lutemos, denunciando os crimes praticados contra nossos direitos e liberdades. A falta de visão histórica dessas pessoas continua de maneira sistemática nosso genocídio, sem conseguir evitar que este se torne cada vez mais aparente e consciente, sendo a sociedade cúmplice de uma das maiores tragédias da humanidade.

O grito de desespero dos Guaraní Kaiowá é mais um entre centenas de outros povos indígenas no mundo: aqueles que estão à margem de uma cultura dominadora cujos valores ironicamente consomem a si mesma.

Esta cultura que se autoconsome consome também o nosso planeta. Nosso grande choque cultural está na maneira em que observamos e vivenciamos o mundo: o que para eles são minerais, plantas e animais, para nós são mãe, espiritualidade e sustento.

Temos prioridades diferentes com relação àquilo que consideramos equilíbrio global, mas ainda em minoria não nos calaremos porque nossos territórios são nossos santuários e é ali que construímos nossas aldeias, seja na floresta ou na cidade.

Somos todos parentes:

Quando a aldeia maracanã é demolida sentimos a fratura;
Quando o Santuário dos Pajés é incendiado nosso sangue arde;
Quando os Guaraní Kaiowá morrem nossa alma grita!

Hayaya!”

(Duhigô Tukano / Daiara Figueroa, Brasília 24/10/12)

* * * * * * *

“A polêmica sempre procedente, do ponto de vista nativo, de que essas terras não foram encontradas, mas verdadeiramente invadidas – junte-se aqui a parcela de culpa das missões evangelizadoras -, e nossos indígenas massacrados…” (FMV, Balanço dos 500, http://porumbrasilnovo.blogspot.com.br/2008/10/balano-dos-500.html)

ABAIXO-ASSINADO: http://www.peticaopublica.com.br/?pi=P2012N30735

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